segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Sintonia fina entre negócios e amizade

O empresário Faust Maurer, fundador e diretor executivo da Plan Idiomas Direcionados, conhece a professora Ângela Branco há 21 anos. O relacionamento dos dois começou em 1991, quando ele a contratou para ser uma das instrutoras de sua escola de idiomas. Com o tempo, o que era uma mera relação profissional evoluiu para algo maior, uma amizade. A aproximação aconteceu aos poucos e de forma natural, mas sempre cercada de cuidados para que não afetasse o funcionamento do trabalho, conta Maurer.

A comunicação clara e o respeito mútuo foram primordiais para isso. “É o casamento perfeito, pois somos verdadeiros e diretos, respeitando sempre o ponto de vista um do outro, mas dando uma visão mais ampla dos prós e contras de cada opinião”, acrescenta o executivo. A amizade, que poderia ter sido um problema no relacionamento profissional, mostrou-se extremamente positiva. Prova disso é que desde 2003 os dois são sócios em uma filial da empresa no Rio de Janeiro. “Precisava de alguém que pudesse confiar plenamente, e ela era a pessoa perfeita”, afirma o empresário.

O caso é um exemplo de que amizade e negócios nem sempre são excludentes e que é possível cultivar uma relação pessoal no ambiente de trabalho. Mais do que isso, como provam Maurer e Ângela, a afinidade provocada por esse sentimento de cumplicidade pode ser positiva para os negócios. Segundo Janaina Ferreira, professora de RH do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), uma relação de amizade favorece o desenvolvimento de uma comunicação mais clara, objetiva e positiva, além de beneficiar o fluxo de informação, gerando conhecimento e inovação. Para a professora do Ibmec, a amizade contribui também para o fomento de um trabalho colaborativo e em equipe, “aumentando assim a lucratividade da empresa”.

Para que uma relação de amizade sobreviva à rotina do ambiente de trabalho é necessário que haja sintonia entre os valores pessoais e que os graus de confiança e afinidades sejam significativos, destaca Janaína. Ela explica que o estabelecimento de limites entre vida pessoal e profissional também são relevantes e devem ser adotados. Tais limites, diz a professora do Ibmec, não são sempre os mesmos, pois variam de acordo com os relacionamentos e o ambiente. Uma forma de trabalhar esta questão é aprender a dizer ‘não’ e saber dosar as relações pessoais e profissionais. “É preciso ter cuidado ao dar ‘abertura’ e depois ter que negar algum pedido, comprometendo assim a amizade, as relações sociais ou o status. Por isso é importante ser racional e ir construindo as regras claramente, criando uma relação de respeito mútuo que irá proteger o próprio relacionamento”, afirma a professora.

Sócias há mais de vinte anos e amigas desde a adolescência, a engenheira Deborah Lafer e a pedagoga Lilian Nigri acreditam também na importância de jogar sempre com todas as cartas na mesa. “Os problemas devem ser discutidos, mas nunca de cabeça quente”, observa Deborah. Donas de uma empresa especializada em design de uniformes, elas alertam para a necessidade de não deixar a vida profissional interferir na pessoal, e vice-versa. “Logo de manhã, ao chegar ao escritório, falamos sobre os assuntos pessoais, depois, eles não voltam mais à tona; e quando estamos fora do trabalho, esquecemos nossas obrigações profissionais”, assinala Deborah.

Por  Fabiano Lopes
Fonte: CanalRH

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