Quando o assunto é maternidade e trabalho, sobram
preocupações para todos os lados. Pais e mães quase sempre se sentem divididos
entre as responsabilidades da carreira e as (muitas) tarefas que a nova
condição lhes impõe. Na outra ponta ficam as empresas que, não raro têm de
lidar com um funcionário que, mesmo presente, pode estar com a atenção mais
voltada para o berço do que para a mesa de trabalho.
Na tentativa de facilitar este momento tão marcado por
mudanças, algumas empresas incluem, entre os seus benefícios, programas e ações
que visam apoiar mães e pais antes e também depois do parto. É o que mostra o
trabalho do Grupo de Apoio à Maternidade e Paternidade (Gamp), especializado no
atendimento à família, da gestação à primeira infância, que desde 1995 estendeu
o trabalho também para o mundo corporativo. “As empresas estão cada vez mais
conscientes da necessidade de oferecer benefícios para os futuros pais”, afirma
a psicanalista Anna Mehoudar, fundadora do Gamp.
O trabalho inclui cursos de preparação para o parto e
cuidados com o bebê – os encontros podem acontecer in company ou no espaço da
instituição – e atendimento domiciliar pós-natal, a cargo de uma equipe
multidisciplinar, com psicanalistas, enfermeiros e pediatras. Anna atribui o
interesse das empresas por esse tipo de benefício à crescente presença da
mulher no mercado de trabalho. “A população feminina economicamente ativa
cresceu 30% nos últimos 20 anos”, informa a psicanalista. “As mulheres ocupam
42% dos postos de trabalho no Brasil, com previsão de subir para 49% em 2020”.
Em paralelo, há também a mudança no perfil da paternidade, com os homens mais
próximos da fase que compreende o parto e os primeiros cuidados com o bebê. “Eles
têm participado cada vez mais do pré e pós-natal e da educação dos filhos”,
afirma Anna. “E ninguém consegue ser 100% produtivo se a família não está bem”.
Visita pós-parto
O menor impacto da maternidade/paternidade sobre a
produtividade dos funcionários aparece entre os benefícios percebidos pelo
diretor de Performance, Remuneração e Benefícios do Itaú-Unibanco, Sério
Fajerman. A empresa, cliente Gamp, criou os programas "Bebê em Casa" e "Bebê a
Bordo" há cinco anos, com o objetivo de atender a postos-chave que preocupam os
pais que trabalham fora, como o desmame precoce, as inevitáveis ansiedades e
inseguranças enfrentadas pelos adultos diante da responsabilidade por uma nova vida
e até a depressão pós-parto.
Para Fajerman, tratar dos principais aspectos desse momento –
das questões psicológicas e dinâmica das famílias aos detalhes sobre nutrição –
“propicia maior segurança aos colaboradores nessa jornada, e isso se reflete no
cotidiano deles, dentro e fora da instituição”.
As famílias inscritas no Bebê em Casa recebem, até 15 dias
depois do parto, visitas de uma enfermeira especializada nesse tipo de
atendimento, uma profissional que orienta sobre aleitamento e cuidados
cotidianos com o recém-nascido, incluindo aspectos como banho, posição para
dormir, refluxo, cólicas e cuidados com o umbigo. Trinta dias após o parto são
avaliados os resultados da visita e reforçados outros serviços quanto necessário.
Já o Bebê a Bordo consiste em cursos presenciais ministrados por um médico
ginecologista. Ambos os benefícios se estendem a mamães e papais.
Pertinho do bebê
Grande empregadora de mão de obra feminina, a Natura também
estende os benefícios para muito além da creche e do berçário. São três as ações
cobertas pelo programa Cuidando de Quem Cuida: o curso de gestante, o programa
pré-natal e as visitas pós-natal. A coordenadora de Benefícios da organização,
Sandra Gonçalves, também destaca a tranquilidade dos pais como o maior ganho,
tanto para eles quanto para a empresa. “O fato de você ter o seu filho próximo
te permite trabalhar muito mais tranquilo, porque você sabe que, se algo
acontecer, você será avisado e estará ali bem perto dele”, avalia. “A confiança
do colaborador em relação à empresa também aumenta”, acrescenta.
Os cursos para gestantes, oferecido para todos os
colaboradores, são realizados nas dependências da empresa, duas vezes ao ano,
no início de cada semestre. Já o programa pré-natal cuida especificamente da
saúde física da mulher. Atende funcionárias, esposas e dependentes de
colaboradores, com consultas feitas nos ambulatórios da Natura. “Quem participa
deste programa, mesmo que tenha um plano de saúde que cubra somente enfermaria,
pode escolher um hospital com apartamento para o parto”, informa Sandra. As
visitas pós-natal, feitas somente às funcionárias da empresa, incluem também
apoio emocional e psicológico para a mãe e para os demais adultos da casa. “O
atendimento se dá no sentido de amenizar algum tipo de angústia que a
maternidade e a paternidade possam causar – que podem até evoluir para um
quadro de depressão”, esclarece à executiva.
Fonte: Canal RH
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe e compartilhe seus conhecimentos, deixando seu comentário abaixo!