Empresas exploram modelos lucrativos de agroenergia pensando na sustentabilidade e em bons negócio
No mundo empresarial, o tema também começou a fazer parte da agenda de muitas organizações. Diversos empreendimentos começaram a pensar sobre a sustentabilidade e associar sua imagem a ações voltadas para a responsabilidade socioambiental. Bancos, indústrias, estatais e companhias de diferentes segmentos aderiram a essa prática. Como resultado, o tema tornou-se papo presente entre empresas e consumidores, configurando-se num posicionamento de ética e transparência para quem o adota.
No entanto, se antes o intuito era apenas transmitir a imagem de "politicamente correto", hoje, as questões de responsabilidade sócio/ambiental estão mostrando ser uma necessidade eminente sendo, inclusive, muito lucrativas para quem as utiliza. Uma dessas vertentes que está crescendo é a da agroenergia – com a busca de alternativas energéticas menos poluentes e com perspectivas de renovação continuada.
Esse tipo de fonte energética ganhou força, principalmente, com o crescente aumento do preço do petróleo, a possível instabilidade de suprimento e o risco das alterações climáticas derivadas da liberação excessiva de gases causadores de efeito estufa. E há iniciativas bem interessantes nesse segmento.
Sonho
juvenil
Um
empresário que arregaçou as mangas e acreditou nesse tipo de energia
sustentável foi o administrador Alessandro Araújo Gomes. Antes mesmo de entrar
na faculdade, ele alimentava o sonho de se envolver em um projeto sustentável.
"A ideia de montar um negócio surgiu há muito tempo, numa aula de
ecologia, em 1989. Depois de formado em Administração, com bastante vontade,
comecei a procurar algo que juntasse preservação ambiental e geração de
energia, e acabei encontrando o programa nacional do biodiesel, em 2006",
conta.
Em 2008,
Alessandro escreveu um plano de negócios e buscou financiamento junto a amigos
e parentes para montar uma usina de produção de biodiesel. Com o projeto em
mãos, a Prefeitura Municipal de Cruzeiro, em São Paulo, cedeu uma área no Distrito
Industrial I, possibilitando, assim, o início das atividades. Lá é reciclado o
óleo de fritura usado em restaurantes, cozinhas industriais, lanchonetes e
condomínios para fabricação do combustível, bem como nas indústrias de sabão,
ração e resinas.
Com uma
produção mensal de 10 mil litros, o empresário sabe que ainda há um grande
caminho a percorrer. "Para os próximos anos, esperamos um crescimento
significativo na coleta de óleo de fritura usado e gorduras residuais em função
do aumento da consciência da população. Estamos ajudando a plantar um futuro
melhor. Sabemos que o trabalho é difícil e demorado, mas os frutos serão bons
para todos", salienta.
A união
faz a força
A
iniciativa de utilizar resíduos para gerar energia também movimenta grandes
entidades. A Petrobras Biocombustível, por exemplo, fez uma parceria com a rede
de catadores de resíduos sólidos recicláveis do Estado do Ceará e implementou,
em dezembro de 2011, uma Estação de Tratamento Primário de Óleo e Gorduras
Residuais (OGR) na Usina de Quixadá, na cidade de Fortaleza.
A unidade
tem capacidade de filtrar 30 mil litros/mês de óleo de cozinha e contribui para
o desenvolvimento do programa Cuidar, voltado à coleta e ao beneficiamento
desse óleo destinado à produção de biodiesel. De acordo com Silvano Cavalcante,
gerente de suprimento da usina, a implantação dessa unidade vem ajudar toda a
região metropolitana. "Com esse avanço, aumenta a possibilidade de
reaproveitamento desse óleo e diminui seus impactos ambientais e sociais,
gerando postos de trabalho e agregando valor e renda a uma atividade já
realizada pelos catadores", destaca.
A parceria da Petrobras Biocombustível com a cooperativa de
catadores já se estende para outros locais como Bahia e Minas Gerais - estados
onde estão localizadas suas usinas de biodiesel. Apesar de essas iniciativas
serem realizadas em localidades específicas, as ações criam perspectivas de um
mundo de possibilidades, em que a utilização dos recursos da natureza podem
garantir não apenas um ecossistema no futuro, mas uma nova forma de fazer
negócios.
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